‘Excesso de termos em iorubá’: ministra da cultura critica jurada que baixou nota de escola de samba

‘Excesso de termos em iorubá’: ministra da cultura critica jurada que baixou nota de escola de samba 2h4j2m

Três décimos foram retirados do samba-enredo da Unidos de Padre Miguel, por "versos de difícil compreensão"; jurada se defende e rebate críticas recebidas

O resultado das escolas de samba campeãs dos desfiles de Carnaval em 2025 seguem gerando desdobramentos. Quem se posicionou sobre um dos fatos ocorridos na apuração das notas foi Margareth Menezes, ministra da Cultura do Governo Federal.

A ministra criticou a jurada Ana Paula Fernandes, que retirou pontuação do samba-enredo da escola carioca Unidos de Padre Miguel (UPM), por “excesso de termos em iorubá” na letra da música. A nota para a canção foi 9,7, sendo 10 o máximo.

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‘Excesso de termos em iorubá’: o que disse a ministra? 1s1i52

Margareth considerou inaceitável a justificativa apresentada por Ana Paula. Em seu perfil na rede social X, Menezes destacou que o iorubá "está na raiz do samba, nas religiões de matriz africana, na história do Brasil", formando também a cultura brasileira.

‘Excesso de termos em iorubá’: quais as implicações para a escola? 556y5d

Na Sapucaí, o enredo do desfile da Unidos de Padre Miguel foi "Egbé Iyá Nassô", contando as histórias da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Evangelho Velho.

Depois dos resultados deste ano, a UPM foi rebaixada para a Série Ouro do Rio. Depois da divulgação das justificativas para as notas, a escola afirmou que irá recorrer do resultado por “inconsistências graves” nas explicações recebidas.

A jurada Ana Paula retirou um décimo por “trechos de difícil entendimento devido ao excesso de termos em iorubá”, um por entender a letra como confusa e um por falhas na melodia do samba.

"A obra apresenta encadeamento linear, sem maiores inovações dentro da linguagem do samba-enredo", aponta a justificativa.

"Despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada. Esquecer nossa oralidade para atender um acadêmico não negro não está nos planos da nossa escola", rebate a UPM.

"As palavras em iorubá do samba e do enredo são fundamentais, primeiro como vivência do Axé da Casa Branca e, segundo, como forma de resistência do Axé de Iyá Nassô, iorubá de Oyó, contextualizando sua vida e sua trajetória", continua.

Por fim, a escola ite que “cometeu falhas”, mas reafirmou injustiça nas notas recebidas e considera que não refletem o que fizeram na Avenida.

‘Excesso de termos em iorubá’: como a jurada se defendeu? 1w1j1e

Em entrevista ao jornal O Globo, Ana Paula alegou que a comunicação é fundamental em qualquer obra artística, e no samba em especial, já que o público maior é o povo. Ela reafirmou que a música tinha trechos de difícil compreensão e isso dificultava o entendimento.

"Eu entendo a revolta e os afetos que transbordam depois de séculos de opressão e silenciamento. Em alguns casos, eu penso ser impossível o diálogo, porque estamos diante de argumentos emocionais, principalmente nas redes. Vemos uma distorção grotesca da minha justificativa", conclui.

 

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