Cannes: evento com o brasileiro Luis Lomenha debate afrofuturismo

Cannes: evento com o brasileiro Luis Lomenha debate afrofuturismo

"Afrocannes" reuniu profissionais de todo o mundo para debates e acordos de coprodução durante o Festival de Cannes. O brasileiro Luis Lomenha fala sobre afrofuturismo

Além da programação central do Festival de Cannes, com a Competição Oficial, Quinzena dos Cineastas, Semana da Crítica e Marché Du Film, outros eventos independentes acontecem de forma paralela como forma de aproveitar a concentração de profissionais de toda parte do mundo que estão na cidade sa. Um deles é o “Afrocannes”, centrado na promoção de encontros entre profissionais do audiovisual negro.

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Luis Lomenha foi um dos representantes do Brasil na programação de debates deste ano, voltados para uma discussão sobre “afrofuturismo”, tema contemporâneo bem presente nas perspectivas políticas e até nos estudos acadêmicos sobre o gesto transformador da representação artística. O cineasta participou de conversa com Ernest White para compartilhar suas experiências no mercado internacional.

Nascido no Rio de Janeiro, Lomenha é ator, diretor e roteirista. No seu trabalho mais recente para a Netflix, “Os Quatro da Candelária”, aborda a Chacina da Candelária no Rio de Janeiro.

Em conversa com O POVO, ele contou sobre a experiência do evento e o estado atual do debate pelo mundo.

O POVO - Como foi a experiência de participar desta edição do Afrocannes?

Luis Lomenha - É difícil ter africanos e descendentes de africanos em diáspora se encontrando para discutir audiovisual. O evento tinha de gente que estava começando até produtor de Hollywood, todos falando na mesma mesa. E também é importante para saber a realidade de outros países em relação à produção.

OP - O tema desse ano, “Afrofuturismo”, também esteve presente na mesa que você participou?

Luis - A discussão foi muito em torno da minha série, “Os Quatro da Candelária”. Estavam na expectativa de poder discutir a linguagem da série e o que a gente usou como processo de prospecção de utopia, fazendo daquela narrativa de um crime real, tornando-a uma proposta afrofuturista que acaba revelando potência daquelas crianças em situação de vulnerabilidade.

OP - Como você participa de eventos internacionais, como é sua percepção sobre essa discussão de representatividade no mundo? Nesta edição de Cannes, por exemplo, há poucos cineastas negros nas principais competições. Isso não parece preocupar a Europa, de fato.

Luis - A Europa é muito atrasada, não apenas na questão negra, mas na questão indígena, LGBTQI+, dessas pautas mais progressistas. Aqui fica uma discussão de igualdade, um estado provedor, mas não dá para todo mundo. A minoria dos negros aqui são europeus que não são tratados como europeus. Esse debate aqui fica muito aquém, e isso reflete no Festival de Cannes, Berlim, e qualquer outro no território europeu. 

OP - No Brasil, você percebe que é diferente?

Luis - O Brasil é muito à frente nisso, muito vanguarda nessa discussão. Brasil podia servir de modelo no quesito de discussão. É uma coisa esquizofrênica, porque seu país é o que mais mata negro e população LGBTI+, e também o país que mais discute, questiona e se posiciona contra determinados absusos. Temos um engajamento muito grande das comunidades, temos uma forma de tentar fazer muito maior do que no continente europeu.

OP - O que você pode adiantar dos seus futuros projetos? Afrocannes e o Marché Du Film, que esse ano homenageia o Brasil, ajudaram nesse processo?

Luis - Estou trabalhando no roteiro de um projeto de filme de ação com a O2 que vamos gravar para a Warner. Aqui no mercado, nós temos uma negociação que começa num momento e vai parar em outro. Comecei um negócio em Berlim com uns ingleses e acabamos fechando um acordo aqui, em Cannes.

A cobertura do O POVO no 78º Festival de Cannes segue até o dia 24 de maio.

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