Estreia da semana, 'Thunderbolts*' traz a velha Marvel de volta?

Estreia da semana, 'Thunderbolts*' traz a velha Marvel de volta?

Novo filme da Marvel surpreende com história humana e problemáticas reais aliadas a boas cenas de ação

Após caírem em uma armadilha orquestrada pela deputada Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), as mercenárias Yelena (Florence Pugh), Fantasma (Hannah John-Kamen), Agente Americano (Wyatt Russell) se unem aos heróis Guardião Vermelho (David Harbour) e Soldado Invernal (Sebastian Stan) para combater um novo super humano, o Sentinela (Lewis Pullman), que deseja trazer a escuridão para Nova Iorque. Esse é o mote de “Thunderbolts*”.

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Com uma sucessão de filmes medianos que pecaram ora por roteiros inconcisos, como “Deadpool 3” (2023), ora por falta de bom senso e coesão, como “Thor: Amor e Trovão” (2022), a Marvel Studios parece ter acertado com seu mais recente lançamento.

A produção tinha tudo para virar uma grande farofa, como aconteceu com “Esquadrão Suicida” (2016), equipe semelhante da DC Comics, mas consegue trilhar um caminho distinto ao desenvolver bem cada personagem e apresentá-los de modo eficiente ao público que não tem tempo (e nem vontade) de ver todas as obras do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) para entender quem são todas as figuras.

Além de contar uma história redonda, o longa-metragem tem a ousadia de conduzir a história sob uma perspectiva feminina. É um ato arriscado e de coragem, já que parte dos fãs de filme de heróis (homens brancos) não é muito a favor de mulheres ocupando espaços de protagonismo, dada a rejeição que “Capitã Marvel” (2019) teve.

Foi surpreendente presenciar isso nas telonas, uma vez que a mesma atitude não foi observada em “As Marvels” (2023). O longa também com protagonismos femininos que não tiveram espaço ou chance de serem desenvolvidos porque a empresa ficou com medo da possível rejeição e mandou que cortassem a trama, comprometendo sua qualidade.

Thunderbolts*: de desajustados a heróis

Mas voltando a “Thunderbolts*”, a trama possui também o diferencial de mostrar como aquele grupo de desajustados consegue encontrar um senso de comunidade, de família mesmo, dentro da nova equipe. Outro feito que os Vingadores, por exemplo, só foram capazes de alçar em “Capitão América: Guerra Civil”.

O mérito é de Joanna Calo, Lee Sung Jin e Eric Pearson, responsáveis pelo roteiro da narrativa. Os três já am enredos aclamados como “O Urso” (2022), “Treta” (2023) e “Agente Carter” (2013), respectivamente.

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Logo, o resultado não poderia ser outro além de um roteiro humanizado. Afinal, a luta dos “Thunderbolts*” não é somente contra o Sentinela, mas contra os próprios traumas que os atravessam diariamente e os fazem acreditar que eles não podem ser mais do que pessoas de caráter duvidoso.

A direção não fica atrás, com Eric Pearson executando um trabalho de qualidade, sem perder a essência que as tramas da Marvel, quer seja nos cinemas ou nas histórias em quadrinhos, costumam entregar com boas doses de drama com ação e comédia.

A sensação é de uma história em quadrinhos ganhando vida, com pontos de vista que variam, sem perder a coesão da história. É um prato cheio para quem também costuma acompanhar a literatura do gênero.

Thunderbolts*: quadrinhos ganham vida em adaptação

E o elenco não só compra como vende muito bem essa ideia da HQ que ganha vida, algo esperado de nomes como Florence Pugh, Sebastian Stan, mas conhecer mais das habilidades de Hannah John-Kamen em tela e vê-la desconstruindo a imagem de sua personagem Fantasma como uma vilã fraca em “Homem Formiga e a Vespa” (2018) foi um dos pontos altos do filme.

David Harbour interpreta uma versão comunista e mais bobona de Jim Hopper, figura que popularizou em “Stranger Things”. Mesmo com as críticas a sua aparência durante a exibição de “Capitão América e Soldado Invernal” (2022), Wyatt Russell voltou bem como Agente Americano, trazendo a figura de modo mais detestável ainda.

Das personalidades apresentadas, talvez o Sentinela seja o que se sobressai menos, segundo a percepção dessa crítica de cinema que vos escreve. O vilão mimetiza o clássico garoto branco cheio de traumas não tratados que ao ganhar poderes se transforma no pior tipo de arma (igual o homem branco no mundo real).

No entanto, diferente de “Coringa” (2019), não há uma tentativa de romantização do transtorno mental e nem de estabelecer um ponto de vista perigoso sobre ser vítima da sociedade.

O personagem serve bem a metáfora sobre como os modos de reação são importantes quando o tema são as questões mentais, que todos, inclusive os “super humanos”, carregam.

A fotografia é um dos aspectos técnicos que trazem essa sensação de que a “velha Marvel está de volta”. Planos abertos e sequência são bem usados para entregar cenas de ação de tirar o fôlego. Assim como as coreografias de luta, principalmente as protagonizadas por Yelena, são executadas com excelência.

A trilha sonora é um tanto tímida, quando comparada a produções como “Pantera Negra 2” (2022). Mas serve a seu propósito e traz inovações. No fim, “Thunderbolts*” é um filme que vale a pena assistir no cinema e traz de volta a ansiedade boa do que pode vir.

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