Cannes: Tom Cruise e Mascha Schilinski chacoalham competição morna

Cannes: Tom Cruise e Mascha Schilinski chacoalham competição morna

No terceiro dia do 78º Festival de Cannes, novo filme da saga "Missão: Impossível" foi exibido fora de competição. Alienígena em "terra autoral", blockbuster norte-americano acabou levantando a energia

Na manhã desta quinta-feira, 15, uma pequena correria tomou de conta das ruas estreitas de Cannes porque críticos, produtores e cinéfilos aceleravam o o para não perderem a última oportunidade de assistir a “Missão: Impossível - O Ajuste de Contas Final” na Grand Théâtre Lumière, às 8h30min.

A situação era também engraçada porque o filme não tinha qualquer exclusividade com o festival – veja só, cabines de imprensa chegaram a ser realizadas um dia antes no Brasil.

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A energia Ethan Hunt que o próprio Tom Cruise incorporou para si, porém, ainda mexe muito com todos os ânimos. Ao longo da sessão, a plateia chegou a ensaiar breves aplausos durante o filme em cenas emblemáticas. As sequências do submarino e do avião, especialmente, são realmente de tirar o fôlego.

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Com a missão de aumentar cada vez mais a carga de adrenalina em cada novo capítulo, este oitavo filme acaba se diminuindo também. Tenta construir a emoção de um desfecho, com direito a retrospectiva emotiva, para honrar a caricatura dos “filmes de espião” que deixou a saga robusta na comparação com o clássico James Bond.

Dessa vez, porém, parece um filme atrasado. Seguindo a história da primeira parte, lançada em 2023, o vilão é uma inteligência artificial que é chamada de “entidade” por não poder ser “corporificada”, estar onipresente na rede digital do mundo inteiro e ter o poder, literalmente, de burlar a forma como a realidade é percebida. A ideia em si é genial para uma saga que cresceu dependendo dessa imagem de um vilão poderoso e cruel, mas sempre humano.

O filme anterior lida melhor com isso. Essa “entidade”, por exemplo, pode apagar todos os rastros de uma pessoa e torná-la invisível não só nos registros de dados – como uso de cartões, fichamento policial e localização –, mas, principalmente, nos registros visuais, como apagar alguém de uma filmagem de segurança em tempo real. Já aqui, resvala na ameaça de bombas e no iminente “fim do mundo”.

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Este novo capítulo torna a grande “inteligência artificial” em algo engessado e inerte. Essa percepção acaba me lembrando, comicamente, o computador falante da novela Tempos Modernos (2010), em que Antonio Fagundes conversava com uma imitação do HAL 9000, clássico personagem de “2001: Uma Odisseia no Espaço” – esse filme do Kubrick, por exemplo, mesmo sendo lançado em 1968, tem muito mais a dizer sobre esse tema que na época parecia apenas um delírio.

“Missão: Impossível - O Ajuste de Contas Final”, porém, sabe segurar a energia nas suas grandes cenas de ação. Quando Ethan duela com Gabriel em meio as acrobacias tanto do avião quanto da câmera, é muito difícil ficar imível diante dessa urgência construída de um jeito sem precedentes, talvez.

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Apesar da inconsistência como um “capítulo definidor”, o barulho dessa exibição acabou virando mais assunto por aqui na Riviera sa do que os próprios filmes da competição oficial. “Dossier 137”, de Dominik Moll, não parece ar de “um filme correto” ao retratar a história real de uma vítima da violência policial. É apático e redundante, cansando mesmo com a tensão de algo tão grave.

“Sound of Falling” – Som da Queda, em tradução livre –, por outro lado, está longe do que é “correto”. Filma diferentes histórias de garotas separadas pelo tempo, mas atraídas pela mesma “pulsão de morte” em um mundo tomado pela consciência misógina. Mascha Schilinski filma essas garotas e mulheres de forma gravíssima, apesar do tédio que domina suas vidas, construindo uma crise existencial cíclica e interminável.

“O que acontece quando alguém morre">Quando as luzes acenderam na sessão de imprensa na Sala Bazin, dentro do Palácio dos Festivais, não houve uma reação sequer – nem palma, nem vaia, o que é raríssimo com o público daqui. É um filme muito duro, mas que sabe assustar no silêncio. A sequência em que um cadáver é preparado para tirar uma foto com a família, no século ado, é daqueles quadros impossíveis de esquecer.

O 78º Festival de Cinema de Cannes segue até o dia 24 de maio com cobertura do O POVO.

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