Música e Política: Um século de fatos brasileiros e sua trilhas sonora 6db13
A música brasileira sempre está conectada à realidade de seu período. Nesta matéria, Vida&Arte convida o leitor a percorrer um século de momentos marcantes do cenário musical do Brasil
A produção artística sempre está relacionada à realidade de seu período. Quando é feita com intenções de refletir sobre o momento e a realidade da sociedade, por exemplo, essas conexões podem ficar mais evidentes ao público. Mas até mesmo quando a crítica acerca do contexto sociopolítico não é o objetivo principal, é possível perceber como a arte é influenciada pela conjuntura da época.
Em referência à atual situação do Brasil, que a pela primeira eleição presidencial após dois anos de pandemia e crise econômica, o Vida&Arte preparou uma linha do tempo que entrelaça música e política. Nesta matéria, os leitores acompanham um século da história e da cultura do País. Dos principais nomes do cenário musical brasileiro até as canções que se tornaram clássicas, veja o histórico dos últimos 100 anos.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
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Os acontecimentos na música brasileira entre os séculos XIX e XX têm poucos registros oficiais. Naquela época, não havia tantas possibilidades para catalogar as composições. Apesar disso, algumas pessoas foram eternizadas devido à grandiosidade de suas obras.
Uma delas é Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935), compositora e maestrina responsável pela primeira marchinha de Carnaval. Filha de uma escrava com um militar, ela seguiu seu sonho nas artes quando o Brasil era um lugar hostil para mulheres, principalmente, negras.
Suas canções não tinham cunho político, mas sua própria trajetória pessoal era política: na adolescência, teve um casamento arranjado com um empresário, separou-se (o que era considerado um escândalo) e ou a viver com outro homem. Enquanto ninguém ousava se sustentar de música, ela dava aulas particulares e ganhava dinheiro com isso.
Ao estrear no Teatro Príncipe Imperial, ainda não havia nome no feminino para “maestro”. Como chamá-la? A imprensa da época não sabia responder a essa pergunta, e a população brasileira também não tinha a resposta.
Ela, inclusive, utilizou suas obras como forma de defender seus ideais políticos. Chiquinha Gonzaga vendia partituras e arrecadava fundos para a Confederação Abolicionista, organização que tinha o objetivo de pressionar o governo pelo fim da escravidão. Com o dinheiro que recebia, a maestrina ainda comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico.
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As músicas brasileiras que se tornavam populares na década de 1910 não eram politizadas, mas foi neste período que ocorreu o início da ascensão de músicos negros. Um desses artistas era Eduardo das Neves (1874 - 1919), que foi palhaço, violonista, poeta, cantor e compositor.
Em suas valsas e modinhas, a temática era a campanha patriótica republicana e a política cotidiana. Porém, ele também usou seus versos para tratar sobre a população negra. Refletia, por exemplo, sobre as consequências das desigualdades raciais em um País recém-saído de um longo período de escravidão.
Suas letras destacavam a falta de oportunidades para os negros no mercado profissional e os problemas causados pelo racismo. Eduardo das Neves, entretanto, não se restringiu à questão da raça, porque se aprofundou nas relações de gênero.
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Foi na periferia carioca que surgiu o samba do Rio de Janeiro - que teria nascido na Praça da Onze, ponto em que descendentes de escravos se reuniam para eventos. Naquela época, também havia a casa da mãe de santo Tia Ciata, onde foi gravado o primeiro samba, “Pelo Telefone” (1960), de Donga e Mauro de Almeida.
Mesmo com a força da cultura dos afrodescendentes no Brasil, esses encontros não eram bem recebidos pela elite e pela mídia tradicional. Por causa disso, a polícia invadia esses espaços para acabar com as festas e os desfiles.
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O fim da década de 1930 foi marcado pelo que ficou conhecido como “samba-exaltação”, que destacava a grandiosidade e os aspectos positivos do País. O que influenciou esse momento foi a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda por parte de Getúlio Vargas (1882 - 1954).
O órgão difundia a ideologia do Estado Novo e fazia propaganda sobre o governo. Um trabalho emblemático foi a canção “Aquarelas do Brasil”, de Ary Barroso, lançada em 1939.
A composição foi enviada a Walt Disney para se tornar a trilha sonora do desenho “Você Já Foi à Bahia">
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