Preso, prefeito de Potiretama pede licença de 30 dias e vice assume como interina
Justiça rejeitou envolvimento de prefeito licenciado com organização criminosa, mas aceitou denúncia que aponta Luan como suposto mandante de incêndio
Apesar do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) manter o cargo do prefeito de Potiretama, Luan Dantas Félix (PP) pediu licença da chefia do Executivo municipal. Com isso, a vice Solange Campelo (PT) assumiu como prefeita interina.
A sessão extraordinária ocorreu na manhã desta sexta-feira, 18, na Câmara Municipal de Potiretama, e contou com a presença dos nove vereadores da Casa parlamentar.
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Luan está preso preventivamente por suspeita de ser o autor intelectual de um incêndio, que teria sido cometido por integrantes de uma facção criminosa em Alto Santo, município vizinho a Potiretama.
A licença do prefeito tem duração de 30 dias e fui anunciada pela primeira-dama, Elaine Melo, em mensagem compartilhada nas redes sociais.
"Amo tanto minha terra, que resolvi, nesse momento, fazer um pedido de licença temporária do meu cargo. Pedido esse doloroso por amar o meu povo, por amar a minha cidade e por amar o que eu faço. Certo que a vice-prefeita Solange, que comigo foi eleita por todos vocês, vai assumir o compromisso de fazer por todos o mesmo que tenho procurado fazer nos últimos anos", escreveu Luan em carta divulgada e lida pela esposa.
Ao O POVO, o advogado de defesa de Luan, Pedro Neto, explicou que o afastamento deve durar "até se resolver a questão na prisão preventiva". Já Solange afirmou que dará continuidade aos trabalhos do titular, e que o município não parou durante a ausência dele.
"É um momento de muita cautela e de decisões que devem ser muito bem pensadas. Estou a frente do município por tempo indeterminado e o que eu puder fazer como gestora para que o município e a população não sejam prejudicados, irei fazer", disse.
Solange também contou que o "grupo da situação anda de mãos dadas, em sintonia e com objetivos em comum".
Entenda
Luan Dantas foi preso no último 3 de abril por suposto envolvimento com organização criminosa. A Polícia Civil do Ceará (PCCE) apontou que o prefeito tem “fortes vínculos” com membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Contudo, na quarta-feira, 16, o juiz Isaac Dantas Bezerra Braga, da Vara Única da Comarca de Alto Santo, rejeitou a denúncia de que o prefeito de Potiretama tenha envolvimento com organização criminosa no caso do incêndio de uma fazenda localizada em Alto Santo.
O juiz concluiu que não foram apresentadas provas suficientes para comprovar isso. Contudo, ele aceitou a denúncia sobre o incêndio. Isaac Braga não decidiu se vai revogar a prisão preventiva, mas afirmou que analisará o pedido.
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O incêndio que Luan teria sido o mandante atingiu uma fazenda em 31 de maio de 2024 em Alto Santo, município vizinho a Potiretama. Não houve feridos, mas diversos móveis da propriedade foram queimados, como geladeira, freezer, portas, janelas e outros.
Na segunda-feira, 14, o TRE-CE decidiu manter Luan no cargo de prefeito de Potiretama, bem como a vice Solange. Na decisão, a Corte reformou a sentença anterior e decidiu pela aplicação de multa no valor de R$ 5.320 para cada conduta irregular dos políticos.
No total, cada um deverá pagar R$ 21.282,00 de multa. A ação foi movida contra a chapa pela coligação de oposição “Por Amor ao Nosso Povo”, do PSB e PSD, por suposto abuso de poder político e econômico ocorridos durante as eleições municipais de 2024.
Luan Dantas foi eleito em 2024 quando recebeu 3.656 votos, o equivalente a 71,31% do eleitorado. O juiz estabeleceu prazo de 10 dias para apresentação de defesa na investigação sobre o incêndio.
Ao O POVO, a defesa de Luan Dantas Félix contou que, "com a tranquilidade dos inocentes, o prefeito recebe a decisão e aguarda que justiça seja restabelecida". "A defesa reata a confiança na Justiça e no reconhecimento da inocência do prefeito do povo", disse, em nota, o advogado Pedro Neto.
Veja na íntegra mensagem do prefeito Luan lida pela primeira-dama
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