IJF atendeu 3.500 vítimas de acidentes e 409 de atropelamento em 2025
Até abril deste ano, configurou-se uma diminuição de 13% se comparado ao mesmo período de 2024. O veículo que mais sofreu sinistros foi a motocicleta (2.275), mesmo reduzindo 19% em relação a exata medida anterior. O único aumento registrado foi de 7% para os pedestres, com 409 atropelamentos. Os dados foram divulgados durante ação educativa da AMC nesta quinta-feira, 29
O Instituto Dr. José Frota (IJF), maior hospital de traumatologia do Ceará, atendeu 3.503 pessoas na emergência por colisão envolvendo veículo entre janeiro e abril de 2025. Cenário é de diminuição de 13%, se comparado ao mesmo período de 2024, quando houve 4.039 casos.
O veículo que mais sofreu sinistros foi a motocicleta (2.275), mesmo reduzindo 19% em relação a exata medida anterior (2.803). Enquanto prosseguiu aumento de 7% para os pedestres, com 409 situações. Anteriormente, foram 106 atropelamentos.
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Nesta quinta-feira, 28, agentes da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) foram ao IJF e se organizaram para orientar ações educativas aos pacientes sobre a conduta adequada ao dirigir um veículo.
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"Fazer uma escuta especializada para essas vítimas, pretendendo que eles possam compartilhar as suas histórias. Não é uma lição que a gente veio dar, mas é uma forma preventiva", afirma Fátima Evangelista, responsável pelo comando da Autarquia.
Conforme Fátima, o motociclista está mais exposto e vulnerável, porque a locomoção é mais leve e tem mais incidência de uso.
"Existem estudos que comprovam que o excesso de velocidade no mundo moderno é porque as pessoas estão sempre muito apressadas para chegar ao seu destino. Depois da pandemia [de Covid-19], principalmente, o motociclista começou a trabalhar de Moto Uber e transportar ageiros, ou cargas como o iFood. Ele tem prazo a cumprir e tende a ir mais rápido. Fica mais vulnerável, acaba ultraando, ando o sinal vermelho ou fazendo uma conversão para chegar, porque trabalha em função disso", explica.
A responsável informa que a ação preventiva será feita de forma contínua.
Para o médico João Gilberto, superintendente do IJF, a Unidade é uma instituição de referência para traumas de alta complexidade, sendo os acidentes de trânsito a segunda maior demanda de emergência. Segundo o superintendente, geralmente, as maiores vítimas são jovens trabalhadores do sexo masculino.
"Isso implica, muitas vezes, em sequelas irreversíveis, longos períodos de afastamento de suas atividades laborais e, consequentemente, o maior número de cirurgia", aponta. Conforme o médico, mutos pacientes são politraumatizados, apresentam traumatismo crânio encefálico, trauma abdominal e fraturas no joelho, no platô tibial e no fêmur distal.
Ele orienta que é importante respeitar as normas de trânsito, os limites de velocidade e usar capacete para que não seja só uma questão de mobilidade, mas sim de saúde pública.



Quem são os pacientes que estiveram na rota da visita da AMC ao IJF
Cassiano Molina, 49, técnico elétrico, nascido em São Paulo, mas residindo em Fortaleza há 12 anos, foi acometido por um acidente ao dirigir a sua motocicleta no bairro Lagoa Redonda no dia 30 de abril. Assim, foi submetido a cirurgia, no dia 9 de maio, na coluna cervical, entre a quarta e a sexta vértebra, sendo um trauma raquimedular.
Segundo o motociclista, o sinistro aconteceu porque um motorista de um caminhão não respeitou a placa de parada, avançando a preferencial. Em um ato rápido de reflexo, mesmo tendo sido atingido, Cassino se desviou ligeiramente, o que pode ter contribuído para o não agravamento dos ferimentos.
"Foi uma nova oportunidade na minha vida, porque foi muito grave. Eles [os médicos] fizeram uma cirurgia de descompressão da medula. Fiquei 20 minutos sem sentir nada do pescoço para baixo. Fui voltando aos poucos, mas somente após a cirurgia", conta.
Ainda em recuperação, depois da alta hospitalar no dia 12 de maio, o técnico precisa realizar mais de 30 sessões de fisioterapia. O primeiro retorno deu-se nesta quinta e, segundo ele, foi bem sucedido.
"O que tem que mudar não é nem o trânsito, são as pessoas. A percepção de você dirigir um caminhão, um carro, e ele se tornar uma arma diante da imprudência e da ignorância. Ele [o outro condutor] poderia ter acabado com a minha vida, interrompeu a minha jornada e a minha caminhada. Eu tinha planos e fui interrompido", estabelece.
De acordo com Cassiano, a empresa responsável pelo acidente está preocupada somente em consertar a motocicleta e não o teria procurado para prestar ajuda. Logo, aguarda resposta da Justiça para iniciar pedido de indenização.
"Foi paralisada a minha renda. Tem uma família por trás de mim. Eu sou o provedor", menciona, acrescentando que foi apoiado pelos familiares neste momento.
Já Samuel Cavalcante, 39, analista de sistema, estava no banco de carona de um amigo que, ao achar que a preferencial era dele, ultraou a sinalização. O sinistro aconteceu com uma topic nessa quarta-feira, 28.
Samuel ou por uma operação no dedo e teve sangramento interno. A alta médica deve chegar até esta quinta, a depender do quadro.
"Eu acho que as sinalizações não são tão claras. A pessoa acaba se confundindo num cruzamento para tomar uma decisão", opina.
Ele acredita que essa ação da AMC tem alguma serventia se tiver um alcance para chegar a uma pessoa que esteve em um caso dessa natureza.
"Acho que tem um resultado positivo. A gente não vê os agentes do Estado só vindo atrás de cobrar multa. Vêm atuando de outra forma e isso está acontecendo", relata.
Quais são os índices de fatalidades de trânsito gerais pela AMC
Conforme a Autarquia, em 2024, 184 pessoas perderam a vida nas vias de Fortaleza. O número representa um aumento de 17% em relação a 2023, quando foram contabilizados 157 óbitos.
Os motociclistas continuam sendo as principais vítimas, representando 55% do total de mortes. Em seguida, aparecem os pedestres (32%), ciclistas (8%) e ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas (5%).
As vítimas fatais são, em sua maioria, do sexo masculino (80%). A faixa etária mais afetada é a de 30 a 59 anos, que corresponde a 56% dos casos, seguida por pessoas com 18 a 29 anos (21%), acima de 60 anos (19%) e até 17 anos (4%). Entre 2023 e 2024, houve aumento de 33% no número de mortes entre os usuários de motocicletas. Para pedestres e ciclistas, houve estabilidade.