Com novo nome, projeto de H2V recebe autorização para fazer estudos de energia

Com novo nome, projeto de H2V recebe autorização para fazer estudos de energia

Conforme o representante da FRV X Pecém Energias Renováveis, Flávio Schuler, demorou oito meses para que a mudança de nome da companhia fosse aprovada

Com a mudança de nome para FRV X Pecém Energias Renováveis, a empresa que faz parte do hub de hidrogênio verde do Ceará recebeu autorização para construir o parecer técnico que será apresentado ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre transmissão de energia.

A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 3 de junho. Conforme o representante da companhia, Flávio Schuler, houve uma espera de oito meses para que somente a mudança de nome fosse aprovada.

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Devido à demora, ele explica que começou a realizar o parecer ainda no nome da antiga empresa e finalizou em dezembro de 2024. Porém, em abril deste ano, teve o projeto negado pelo ONS, assim como diversas outras empresas do setor. Agora, o que muda é que todos os atores, como Casa dos Ventos e Fortescue, podem enviar outro plano de energia.

Assim, Flávio Schuler ressaltou que estão trabalhando com o Ministério de Minas e Energia (MME) e outros entes públicos para garantir a conexão. Porém, “não há garantia de nada ainda, apenas a possibilidade de um leilão para a ampliação do sistema.”

“Esse leilão hoje não tem data, não tem previsão. A gente está trabalhando muito para ver se consegue aprovar para que esse leilão ocorra até junho de 2026. Mas, até agora, está bem longe de termos isso aprovado.” 

De acordo com o representante da FRV, os estudos continuam sendo finalizados com entidades do setor para saber quais obras terão que ser realizadas no Nordeste inteiro.

“Depois que essa lista de obras estiver na mão, a gente vai trabalhar junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e ao Ministério para aprovar isso e, depois, pensar no leilão. Após isso é que teremos data de quando esses projetos podem se conectar. Na melhor das hipóteses, vai lá para 2031, 2032.”

Por isso reforça que, até agora, oficialmente, não existe nenhuma disponibilidade de conexão no Nordeste para nenhum projeto de hidrogênio verde.

Vale ressaltar que o hidrogênio verde demanda uma carga de energia gigante e, por isso, estão sendo negados os projetos ao SIN pelo operador. 

Ao O POVO, no início de maio, o governador Elmano de Freitas (PT) disse estar em negociação com o Governo Federal para encontrar um caminho que acelere “a construção de linha de transmissão, especialmente onde as empresas de hidrogênio verde vão se instalar.”

O Estado é o pioneiro no desenvolvimento de projetos do novo combustível, já assinou mais de 30 memorandos com empresas brasileiras e estrangeiras e possui seis pré-contratos para a instalação de usinas de H2V na Zona de Processamento de Exportação do Ceará, localizada no Complexo do Pecém.

Para o presidente da Energo Engenharia e Consultoria, Adão Linhares, é essencial fazer investimentos por meio dos leilões de transmissão para que essa infraestrutura chegue no tempo adequado e os projetos sejam executados.

“É essa a resposta que o mercado está dando: “Olha, eu estou precisando de infraestrutura.” Então, pode fazer o leilão, projeto de linha de transmissão, porque tem quem compre o nosso hidrogênio”, informa.

Especialista defende H2V, mas de maneira sustentável

Apesar de não ter uma estrutura concreta, o biólogo e dono da Sertões Consultoria, Thieres Pinto, acredita que, por mais que o projeto de hidrogênio verde seja uma oportunidade, devem ser conduzidos de forma sustentável.

“É uma oportunidade, sim. É uma fonte de energia limpa, mas precisa ser feita da forma correta, sustentável, e não de qualquer jeito. As plantas são apenas a ponta do iceberg.”

O principal alerta diz respeito à necessidade de uma gigantesca produção de energia renovável para viabilizar a fabricação do hidrogênio verde. “Estamos nos propondo, como uma parte pequena do mundo, a suprir energia que a Europa está com dificuldade ou não quer produzir lá.”

Também reforça que a instalação de parques eólicos e solares não possuem uma análise integrada dos impactos. 

“Cada projeto é avaliado individualmente: um faz 5 mil hectares, o vizinho mais 5 mil, depois outro com mais 3 mil… Quando vê, são 50 mil, 60 mil hectares, eliminando áreas de agem da fauna, de infiltração de água, de existência da flora.”

Além dos danos ambientais, Thieres Pinto salienta que o modelo atual ameaça as comunidades tradicionais. “O homem que cria seu gado, que planta sua rocinha, vai perder sua área. Hoje ele não tem emprego, mas tem um modo de vida. Se perder isso, vai virar um desempregado, vai ser um problema social enorme.”

Embora o discurso oficial fale nos benefícios econômicos da exportação de hidrogênio verde, o risco de provocar uma crise social e o avanço da desertificação no Nordeste são reais. “Podemos promover a secagem de corpos hídricos, a perda de água, e um processo irreversível de degradação.”

Para minimizar, defende, por exemplo, a criação de uma câmara técnica estadual para definir formas sustentáveis de implantar o combustível, com foco especial na produção da energia que alimentará os eletrolisadores.

“Tem que haver um zoneamento. Definir onde pode ou não pode fazer, e como pode fazer. Com corredores de fauna, áreas de vegetação para reduzir a ilha de calor, aumentar a infiltração, evitar enxurradas e tempestades de areia.”

Entenda o projeto da FRV no Ceará

Em junho de 2024, a FRV assinou um pré-contrato com o Governo do Ceará para a produção de H2V e seus derivados no Estado. O investimento estimado é de cerca de R$ 27 bilhões.

Além disso, prevê a geração de cerca de 1.500 empregos na construção e mais de 200 na operação — números correspondem às fases 1 e 2 do empreendimento. A capacidade estimada de produção é de 2GW em sua totalidade.

Na primeira etapa do projeto é estimada uma capacidade de 500 MW de eletrolisadores, produzindo 400 mil toneladas de amônia por ano com um investimento de R$ 7 bilhões.

Já na segunda fase será acrescentada uma capacidade de 1,5 GW de eletrolisadores, aumentando a produção em 1.200.000 toneladas de amônia para atingir um total de 1.600.000 toneladas por ano. Esta fase exigirá um investimento adicional de R$ 20 bilhões.

Manuel Pavon, diretor-geral da FRV América do Sul, reforçou à época que as características locais tornaram o projeto no Pecém uma prioridade.

“O Ceará tem um recurso renovável muito importante, porque o maior recurso solar e eólico do Brasil fica no Nordeste. A localização do Porto do Pecém, principalmente em relação à Europa e Estados Unidos, é também estrategicamente muito importante. Também toda essa etapa [de desenvolvimento] elaborada pelo Governo do Estado com o Pecém, que iniciou com muita transparência”, pontuou.

Conforme o cronograma, a construção começa em 2027. “Isso demoraria em torno de dois a três anos. A operação começaria mais ou menos em 2029 e 2030”, explica Pavon.

Matéria atualizada às 13h50min

Hub de hidrogênio verde no Ceará: Vantagens competitivas e impactos socioeconômicos

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