Ex-aluno da rede pública, cearense alcança bolsa de mestrado nos EUA

Ex-aluno da rede pública, cearense alcança bolsa de mestrado nos EUA

Natural de Santa Quitéria, o jornalista Antônio Rogério Bié de Moura estudará na Universidade do Estado do Arizona. Ele deve embarcar para Los Angeles em julho

Criado em uma comunidade de assentamento da reforma agrária na zona rual de Santa Quitéria, a cerca de 223 quilômetros de Fortaleza, o jornalista Antônio Rogério Bié, de 24 anos, foi selecionado para uma bolsa de mestrado na Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos.

O jovem é graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro da Assessoria de Comunicação da Secretaria da Educação do Estado (Seduc). Durante a vida escolar, sempre estudou na rede pública de ensino.

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Em seu terceiro ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Monsenhor Luís Ximenes Freire, foi um dos escolhidos para o Programa Jovens Embaixadores. A iniciativa, promovendo um intercâmbio cultural e educacional em solo norte-americano, é da Embaixada dos Estados Unidos.

"Estudei a vida toda na escola pública e foi através das oportunidades que encontrei na educação que me entendi enquanto um cidadão, um jovem capaz de transformar a realidade ao meu redor", afirma Bié. 

"Sou o terceiro do total de seis irmãos. Meus pais são agricultores que não chegaram a terminar o ensino fundamental, mas não foi por causa disso que eles deixaram de ser as grandes referências da minha vida", destaca o jornalista sobre a sua trajetória. "Pelo contrário: sempre incentivaram, tanto eu quanto meus irmãos, a buscar na educação o caminho dessa mobilidade social."

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"Oportunidades Acadêmicas": Cearense conquista bolsa de mestrado nos EUA

Na inscrição para o mestrado, Bié conta ao O POVO que recebeu o apoio de um programa chamado "Oportunidades Acadêmicas", da rede Education USA.

"O programa tem o foco de ajudar estudantes cujo sonho é estudar em universidades nos Estados Unidos e têm potencial para isso, porém não conseguem arcar com os custos", explica. "Funciona tanto para a graduação, quanto para a pós-graduação."

"Ano ado, fui um dos 10 selecionados dentre mais de 360 candidatos para a turma de mestrado e doutorado", acrescenta. "Um dos focos do programa é que a gente consiga ser aprovado em uma universidade com bolsa de 100%."

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O jornalista considerou suas escolhas de acordo com a área de estudo que procurava, incluindo experiências em cidadania digital, educação midiática e, principalmente, o audiovisual. "Busquei programas voltados para jornalismo, audiovisual, mídias emergentes, documentário... E, claro, em que eu tivesse a possibilidade de trazer minha bagagem como estudante internacional." 

"A gente tem esse superpoder de enxergar além"

O processo, como descrito por Rogério Bié, foi "bastante longo e complexo", durando quase dois anos. Além das etapas de preparação, era necessário conciliar os estudos com um trabalho em tempo integral e outras responsabilidades. 

"Todo intervalo de tempo que eu tinha, qualquer brechinha de tempo, como no ônibus a caminho do trabalho, estava estudando", lembra.

"Foi muito bom ter um objetivo a longo prazo, uma coisa que eu estava ali me dedicando todo tempo, quase 100%, para colher os frutos no futuro", diz. "Depois que mandei as candidaturas, que o processo ou, foi meio estranho, porque fiquei um bom tempo nesse ritmo doido de estudo, preparação, dedicação."

"Uma coisa muito interessante desse programa é que eu não estava me preparando sozinho. Tinha outros estudantes que também estavam nesse processo e a gente se apoiou muito, fazendo chamada de vídeo nos finais de semana para estudar, dar um para o outro...", recorda.

Bié deve embarcar para Los Angeles em julho, iniciando um mestrado em Narrativas e Mídias Digitais pela Arizona State University. 

"Tem uma frase que me marca muito: a nossa visão de mundo é moldada de acordo com a realidade de onde a gente vem e, dependendo de onde seja, às vezes não consegue enxergar muita coisa de início. Mas, felizmente, a gente tem esse superpoder de enxergar além", incentiva o jornalista. 

"Todo mundo vem de uma realidade diferente. Então, é entender os recursos que você tem, os recursos que você precisa buscar, esse apoio, essas brechas, onde você conseguir, e vai dando certo", finaliza. 

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